A
imortalidade do Latim
Observa-se
que o Latim é uma língua que surgiu na pequena região itálica de Lácio, uma
cidade delimitada pelo mar, rios e montanhas que foi habitada primeiramente por
lavradores tornando-se mais tarde a capital da Itália, vinda a construir o
Império Romano. A história desse Império é dividida em três formas de governo:
Realeza, República e Império.
Entende-se
que toda língua sofre alterações conforme o meio social, e com a língua latina
não foi diferente. A grande variedade do latim se deu devido o contato de
várias famílias linguísticas que se misturaram, enriquecendo assim a língua
latina. Compreende-se que essa variação foi devido as diversas classes sociais existentes
da época. A classe elitizada de Roma separava-se da classe dos plebeus (composta
pela população rural), estrangeiros e escravos libertos.
A
classe aristocrática corresponde a classe conservadora cheia de costumes
refinados, e essa classe apoderou-se do latim clássico, tornando-o inacessível à
classe pobre, com isso originou-se o latim vulgar, ou seja, a variedade do
latim reflete a posição de duas culturas, pois de um lado temos a classe
conservadora, totalmente fechada e inacessível,
e de outro o núcleo da plebe, totalmente aberta para todas influências que
sofreu.
Normalmente,
faz-se uma distinção entre o Latim Vulgar e o Clássico. A expressão “Clássico”
deve ser entendida como uma língua literária e escrita em situação formal; como
eram feitos nas comunicações da época. Essa língua por ser de pose apenas pela
elite, o povo não tinha acesso, então a partir disso surgiu o latim Vulgar e
foi se diversificando, dando origem a várias línguas, inclusive o nosso português.
Faz-se necessário termos bastante cuidado com a expressão vulgar, pois esse
adjetivo é empregado como sentido de corriqueiro, referindo-se à língua falada
em situações informais, pela população romana; também tem sido usado no sentido
popular, derivado de “vulgo”, que quer dizer “povo”.
Segundo
Neto, não se pode considerar o latim como língua morta, já que ela está tão
presente no nosso dia a dia, em várias áreas das nossas vidas como por exemplo:
na medicina a palavra câncer significa caranguejo,
o que explica por que o nome da doença é o mesmo do signo e da constelação de
Câncer. Essa denominação comum já ocorria entre os gregos, que também
designavam o animal e o tumor com a mesma palavra — karkínos —, de onde proveio o nosso carcinoma. Segundo Galeno, o
legendário médico romano, o nome câncer foi dado à doença porque as veias
intumescidas que circundam a parte afetada têm a aparência das patas de um
caranguejo; outros atribuem o nome a uma metáfora: o local do tumor é corroído
dolorosamente como se um caranguejo o devorasse.
Enfim,
existe em diversas áreas palavras vindas do latim, certamente leigos nem
percebem a existência viva dessa língua imortal, (pois ela continua entre nós)
mostrando a sua essência e universificando o sentido real dos vocábulos.
Portanto,
pode-se considerar a afirmação de Mattoso que “existe somente um latim, o que
ocorreu foram várias influências de vários povos distintos.” Analisa-se então
que o latim se tornou imortal, apesar de não ser uma língua falada ela está
presente dando ênfase a sua real origem.
Algumas
palavras latinas mais usadas: Curriculum Vitae, Natura, apud, habeas corpus, status
quo, duo.
Texto
de Geane Ribeiro de Sousa Torres, graduada em Letras/Português pela
Universidade Estadual do Maranhão, pós-graduanda em Língua Portuguesa pelo IESF e Professora de Língua Portuguesa do Ensino
Fundamental II.
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