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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Análise do conto de Fred Goes, "A tipoia"

O conto “A tipoia”, de Fred Goes relata uma ação de uma senhora, o narrador reconstrói toda a ação da vovó e seu neto descrevendo por meio de lembranças as ações passadas, deixando de lado uma intenção moralizante, o autor escolhe o psicológico para construir esse enredo. O título faz referência a todo o conflito principal, no qual lemos no trecho “por flagrar vovó pondo uma tipoia no braço quebrado da cadeira de balanço”, temos também o conflito secundário vovó “esquecer” bolsa dentro da geladeira. Apesar de vovó ser distraída o que impressiona o neto não é este fato, mas sim o que o encabula é vovó querer usar uma tipoia que é feita para “pessoas” no braço da cadeira, gerando a complicação.
[...] Por flagrar vovó [...] esta expressão significa dizer que ela cometeu um delito ou algo impróprio, por meio dessa expressão do neto, significa que ele percebe as mudanças na vida da sua avó. Esquecer bolsas dentro da geladeira não era motivo de preocupação para o neto, “distraída ela sempre foi”, assim ele constrói a ação da vovó percebendo e aceitando sua mudança e demonstra paciência diante dos fatos. Deixando nítido seu respeito e carinho que tem pela avó. Não existe diálogo entre os personagens, pois as ações, que são internas, são construídas no espaço psicológico e é marcada pela densidade, pois existem poucas ações no conto. Isso torna um mistério ao leitor por não está explicito o pensamento de cada personagem e nem o seu lado da história diante do ocorrido.
O clímax da história é o “evidente descompasso entre a intenção do gesto”, certamente a tipoia não se encaixava no braço da cadeira, isso é fato, pois “a cadeira parecia sofrer” e o “gesto” descuidado na forma de amarrar a tipoia, fazendo com que esse sofrimento não parasse, nem para a cadeira (com o braço quebrado), nem para a vovó (com a preocupação de consertar a cadeira e acabar com esse sofrimento) nem tampouco para o neto (surpreso ao presenciar toda aquela tal “ação”). Todo o desfecho do conto é narrado no descuido da avó em amarrar a tipoia.

Nota-se que o autor faz uso do afeto do neto para demonstrar valores, sentimentos, respeito aos mais velhos, pois  percebermos a reação do neto diante dos fatos, em nenhum momento fica explícito que o neto foi rude ou tenha desdenhado a tal ação, e como não existe mais ninguém nesse conto, sugere que o neto foi criado pela avó.