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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Uso de expressões semelhantes

Emprego adequado das expressões semelhantes
Mas é uma palavra usada principalmente como conjunção adversativa, possuindo o mesmo valor que porém, contudo e todavia. Transmite uma noção de oposição ou limitação.
Exemplos:
·         Eu iria ao cinema, mas não tenho dinheiro.
·         Eu iria ao cinema, porém não tenho dinheiro.
·         Ele deu o seu melhor, mas não foi o suficiente.
·         Ele deu o seu melhor, contudo não foi o suficiente.
Mais é uma palavra usada principalmente como advérbio de intensidade, transmitindo uma noção de maior quantidade ou intensidade, ou como conjunção aditiva, transmitindo uma noção de adição e acréscimo. Tem sentido oposto a menos.
Exemplos:
·         Ela é a mais bonita da escola.
·         Ela é a menos bonita da escola.
·         Vinte mais dez são trinta.
·         Vinte menos dez são dez.
As palavras mas e mais podem ser usadas ainda com outros sentidos.
Mas:
Ele seria perfeito, mas: ele fuma muito! (como substantivo - senão)
A atuação do ator foi brilhante, mas brilhante mesmo! (como advérbio – ênfase)
Mais:
Ele saiu mais o irmão e disse que ia demorar. (como preposição – junto com)
Não faço nada, os mais que resolvam o problema! (como pronome indefinido – os outros)
Mal é advérbio, antônimo de bem.
Mau é um adjetivo, antônimo de bom.
Exemplo: Ele é um homem mau, só pratica o mal.
Pela oposição: Ele é um homem bom, só pratica o bem.
O adjetivo mau é usado principalmente para indicar algo de má qualidade ou alguém que faz maldades, sendo sinônimo de ruim e malvado. Apresenta ainda diversos outros significados, sendo também sinônimo de nocivo, indelicado, incapaz, incorreto, endiabrado, difícil, indecente, entre outros.
Exemplos:
·         Ele é um mau professor.
·         Afaste esses maus pensamentos de sua mente.
O advérbio mal é usado principalmente para indicar algo feito de forma errada e incorreta, sendo sinônimo de erradamente, incorretamente, insatisfatoriamente, negativamente, indevidamente, entre outros. Mal também é substantivo, podendo significar doença, moléstia, angústia, desgosto, maldade, tudo aquilo que é prejudicial ou nocivo. Mal pode ser ainda uma conjunção temporal, sinônima de assim que.
Exemplo:
·         Eu preciso descansar porque tenho dormido mal.
·         O mal da sociedade moderna é a violência urbana.
·         Mal tocou o sino, os alunos saíram correndo.
Onde é sinônimo de em que lugar. Indica permanência.
Aonde é sinônimo de para que lugar ou a que lugar. Indica direção e movimento.
Exemplos – onde:
·         Onde você mora? (Em que lugar você mora?)
·         Onde está a minha caneta? (Em que lugar está a minha caneta?)
·         Você sabe onde está minha bolsa? (Você sabe em que lugar está minha bolsa?)
Exemplos – aonde:
·         Aonde você vai? (Para que lugar você vai?)
·         Aonde ele pretende chegar? (A que lugar ele pretende chegar?)
·         Você está levando isso aonde? (Você está levando isso para que lugar?)

Usa-se “há” quando o verbo “haver” é impessoal, tem sentido de “existir” e é conjugado na terceira pessoa do singular.
·         Exemplo: Há um modo mais fácil de fazer essa massa de bolo.
Existe um modo mais fácil de fazer essa massa de bolo.
Ainda como impessoal, o verbo “haver” é utilizado em expressões que indicam tempo decorrido, assim como o verbo “fazer”.
·         Exemplos: Há muito tempo não como esse bolo.
Faz muito tempo que não como esse bolo.
Logo, para identificarmos se utilizaremos o “a” ou “há” substituímos por “faz” nas expressões indicativas de tempo. Se a substituição não alterar o sentido real da frase, emprega-se “há”.
·         Exemplos: Há cinco anos não escutava uma música como essa.
Substituindo por faz: Faz cinco anos que não escutava uma música como essa.
·         Quando não for possível a conjugação do verbo “haver” nem no sentido de “existir”, nem de “tempo decorrido”, então, emprega-se “a”.
·         Exemplos: Daqui a pouco você poderá ir embora.
Estamos a dez minutos de onde você está.
Importante: Não se usa “Há muitos anos atrás”, pois é redundante, pleonasmo. Não é necessário colocar “atrás”, uma vez que o verbo “haver” está no sentido de tempo decorrido.
A cerca de, acerca de, há cerca de
As três expressões existem na língua portuguesa e estão corretas. Porém, seus significados são diferentes e devem ser usadas em situações diferentes. A expressão acerca de significa a respeito de. A expressão há cerca de significa faz aproximadamente ou estão aproximadamente. A expressão a cerca de significa perto de.

Acerca de é uma locução prepositiva com significado de: a respeito de, quanto a, relativamente a, sobre, com relação a. Uma locução prepositiva é um conjunto de duas ou mais palavras em que a última é uma preposição. Neste caso temos o advérbio acerca mais a preposição de.

Exemplos:
Você quer conversar acerca do que aconteceu ontem?
Não discuto acerca de política, nem de religião.
Acerca desse assunto, espero que você tome a decisão correta.

Há cerca de é uma expressão com significado de: a, desde, mais ou menos, faz aproximadamente. O verbo haver indica tempo decorrido, sem definir esse tempo com exatidão, apenas de forma aproximada. Quando se refere a tempo decorrido, o verbo haver se apresenta como verbo impessoal, sem sujeito, devendo ser conjugado apenas na 3ª pessoa do singular. Pode ser substituído pelo verbo fazer: há cerca de cinco minutos/ faz cerca de cinco minutos.

Exemplos:
Já estou esperando há cerca de duas horas!
Há cerca de dois anos eu fiz uma viagem pela Europa.
Eu comprei minha casa há cerca de vinte anos.

Atenção!
A expressão há cerca de pode indicar também que existe uma quantidade aproximada de pessoas ou objetos em algum lugar, bem como a utilização apenas da locução cerca de, sem o verbo haver.

Exemplo:
Nesta gaveta há cerca de vinte e cinco lençóis.
Existem aproximadamente vinte e cinco lençóis na gaveta.
Cerca de vinte e cinco lençóis estão na gaveta.

Há cerca de vinte alunos esperando a professora na sala de aula.
Estão aproximadamente vinte alunos esperando a professora na sala de aula.
Cerca de vinte alunos estão esperando a professora na sala de aula.

A cerca de é uma expressão composta pela preposição a e pela locução prepositiva cerca de. Significa perto de, aproximadamente, próximo de, transmitindo uma ideia de distância. Podemos eliminar a preposição a e manter apenas a locução prepositiva cerca de, permanecendo o mesmo significado.

Exemplo:
Estamos a cerca de cinco quilômetros do destino.
Estamos cerca de cinco quilômetros do destino.

Sua casa está a cerca de 20 minutos a pé do hospital.
Sua casa está cerca de 20 minutos a pé do hospital.

Atenção!
Não confundir com a construção frásica a cerca de composta pelo artigo definido a, pelo substantivo feminino cerca e pela preposição de.

Exemplos:
A cerca de bambu do quintal está muito bonita.
Onde está a cerca de arame farpado?
A cerca de minha casa caiu.



Fontes: Só português; Mundo educação e Norma culta.

domingo, 19 de outubro de 2014

Entenda o Gênero: Conto de ficção Científica

Gênero: Conto de ficção científica

É um gênero que une ficção e ciência. Sua finalidade é entreter e, em alguns casos pode levar o leitor à reflexão, em vista, refletir sobre como as decisões que tomamos agora podem afetar nossas vidas no futuro.

O público-alvo são leitores interessados em histórias de ficção científica. Esse gênero é trabalhado em turmas do 7° ano do Ensino Fundamental II, podemos encontrar esse gênero em livros, filmes, e também na internet que é uma grande ferramenta auxiliar que aproxima conhecimentos.


Embora esse gênero extrapole a realidade, deve ser plausível, por apresentar ideias impossíveis “no momento atual”, mas que se valendo de explicações cientificas poderiam sim ser possíveis. Por isso, esse gênero é ligado à ciência, é um requisito obrigatório.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Análise sobre o conto "A velha Querida" de Dalton Trevisan.

A SIMBOLOGIA MÚLTIPLA E A CONJUNTURA SOCIAL PRESENTE EM “A VELHA QUERIDA”, DE DALTON TREVISAN

            Dalton Trevisan, autor que valoriza as intertextualidades, é enigmático tal qual o conteúdo presente em suas obras. “Novelas Nada Exemplares” o primeiro livro do autor, publicado em 1959, cujo título é uma adaptação do livro “Novelas exemplares” de Miguel de Cervantes e por meio da mesma se destacou como contista, dedicando-se inteiramente a este gênero, tendo apenas publicado um romance “A Polaquinha”. “Novelas Nada Exemplares“ trata de ações do cotidiano, no entanto expressas de um modo incomum, enigmático, tal qual o conto “A Velha Querida”, nosso objeto de estudo. No que se trata da diegese, em “A Velha Querida”, tem-se exposta a ida de um “homem de linho branco” ao bordel, essa ida ao prostíbulo se dá de um modo muito incomum, sendo expressa por meio de inúmeros símbolos que trazem para o conto uma carga enigmática muito forte. Assim, as moscas, o defunto, o velório, a procissão, as casas decrépitas, os relógios, a boneca e os demais elementos que fazem parte da história trazem consigo uma simbologia significativa e múltipla, o que confere à narrativa em questão as marcas relevantes de excesso e maestria de Dalton Trevisan.

            Dando ênfase aos elementos da narrativa, tem-se um narrador heterodiegético, em 3ª pessoa “(eles) enfiavam de súbito a cabeça” (p.85), narrador onisciente e onipresente, que narra na perspectiva da neutralidade e exerce a função de regência, isso por meio da inserção das falas de algumas personagens, utilizando para isso discursos  diretos “- volta, nón? / - Como é seu nome? / - Pergunta por Sofia” (p.92) e monólogo interior “ “Posso ir para casa”, pensou o moço, “abraçar minha mulher e beijar meus filhos. Agora me sinto bem.” (p. 93). No que se trata do tempo, a narrativa inicia-se com a inferência do tempo cronológico “Ao calor das três da tarde[...]” (p.84), sendo a mesma evidenciada em várias outras passagens da narrativa, no entanto o tempo psicológico é muito acentuado “Quisera ser Ramon Novarro, enquanto lá do corredor chegava o eco das carpideiras” (p. 91), no exemplo citado não se é possível afirmar se   “o eco das carpideiras” fazem parte das lembranças ou se o personagem as ouve no presente, e isso ocorre em muitos outros trechos da narrativa.

            Em se tratando ainda dos elementos da narrativa pode-se perceber que o espaço do conto é a cidade de Curitiba, sendo que o mesmo encontra-se dividido em dois cenários, o primeiro se passa numa rua, local aberto e público, por isso disponível para toda e qualquer pessoa, urbano “ruas”, “asfalto mole,” de modo que pode simbolicamente representar a liberdade. O segundo cenário é um prostíbulo, local fechado, sujo, fétido, com casas decrépitas, presença de “moscas”. Esse lugar fechado e sujo tem uma interação com as personagens, no caso as prostitutas, socialmente,  mulheres sujas e excluídas uma vez que o sexo é visto como sujo para sociedade, principalmente, se for pago. Quanto aos homens, por estarem nesse local, pode – se dizer que eles também estão sujos. Quanto à ambientação pode-se dizer que o ambiente é de exclusão social, desvalorização do ser e prostituição.

            Dentre as temáticas expostas no conto tem-se a presença do sagrado versus profano. No início do conto, entende-se a intertextualidade da passagem bíblica da “sarça ardente” (p. 84), ou seja um ambiente considerado sagrado enfatizado por um personagem contraditório que dirige-se a um prostíbulo. No encontro do homem com a velha, nota-se que apesar dele está diante de desejos profanos ao mesmo tempo se contradiz quando pensa em Deus ou em rezar, "Deus louvado, tenho a minha velha, eu que não mereço a última das mulheres, pois nenhuma é suficientemente indigna para mim" (p. 89). Os elementos presentes sugerem uma religiosidade desse ser, no pensar em rezar no momento do ato proibido, pois o homem que aparentemente é solitário, mas o leitor se depara no final do conto com um homem casado e com filhos. A hipocrisia da sociedade é revelada no trecho “Posso ir para casa” [...] “Tudo já passou, estou bem. Não foi nada. Já passou. Agora estou bem.” (p. 93). Visto que, esse homem volta para casa como se nada tivesse acontecido, ou seja, vive de aparências, tal qual a sociedade. É possível notar a desvalorização do ser feminino, pois as mulheres são comparadas ao relógio que é um objeto “Assim estivesse atrás de um relógio, examinava cada uma delas, detendo-se às portas e, como os outros, introduzia a cabeça a fim de encarar as damas ou relógios que marcavam todos a mesma hora. (p. 86), tem-se  exposta em “A Velha Querida” a desvalorização do ser, em especial do ser feminino.

            A irremediável passagem do tempo, principal temática no conto em questão, faz-se visível na múltipla simbologia que permeia toda a narrativa. Assim “os relógios” e “a boneca” possuem um valor considerável no conto, haja vista a conotação de tais elementos no que se trata do tempo e da passagem do mesmo. É possível notar que a ênfase nos relógios representa a crucial e ininterrupta passagem do tempo, sendo na personagem “Sofia”, a velha, a grande evidência e resquícios dessa comprovada passagem.  As mulheres no conto comparadas a relógios, “o rapaz de linho branco acreditava-se numa loja de relógios”(p. 86), expressam que essas mulheres embora ainda jovens, sofrerão a passagem do tempo, tal qual “a velha”. A boneca é expressa no conto em uma comparação à velha “- Ela é você, querida. É você a boneca” (p.89), como uma representatividade da antítese infância versus velhice, pois a boneca remete à infância.

            Por fim, Observa-se que o rapaz procurava alguém que fosse capaz de saciar sua “tara sexual”, não uma mulher qualquer, mas uma velha decrépita, Dalton expõe no conto de modo grotesco, com excessos uma relação que não condiz com os padrões estabelecidos pela sociedade, pois indubitavelmente, vive-se numa sociedade consideravelmente preconceituosa que não admite a relação de um jovem com uma senhora na terceira idade, e o tempo é responsável por causar essa extremidade. Assim, chega-se a um ponto crucial quando se trata da base antitética novo/velho, que é a desvalorização do velho em detrimento do novo, uma verdadeira objetificação do idoso, um objeto descartável, passível de esquecimento, pois a velha no conto é ressaltada tal qual um objeto “tantos anos esquecida na cadeira amarela de vime”(p.88) remete-se então a representação do idoso em nossa sociedade, pois quando a velha é “relembrada” pelo homem, causa repulsa e estranheza, como se a velha merecesse ser esquecida.


Trabalho produzido por: DAYANE MARIA SILVA MARINHO; GEANE RIBEIRO DE SOUSA TORRES; MARIA CRISTINA FERNANDES DE OLIVEIRA; MARIA FRANCIANE HOLANDA COSTA; MAYARA MÁGNA MATOS DOS REIS FREIRE.

REFERÊNCIAS

NETO, Miguel Sanches. Biblioteca Trevisan. Curitiba, Editora UFPR, 1996.

NICOLATO, Roberto.    Novelas nada exemplares e a antecipação de processos narrativos em Dalton Trevisan. Disponível em: http://pt.slideshare.net/1960RobertoNicolato/dalton-novelas-nada-exemplares. Data do acesso: 16/06/2014.

SANTANA, Gilberto Freire de . Teoria da Literatura: a narrativa. Imperatriz: UEMA, 2012.

SOUSA, Geraldo Majella de. Repetição, crueldade e trauma: Reflexos dos confrontos suburbanos na narrativa de Dalton Trevisan. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/ECAP-7XRG6X/tese_completa_e_revisada.pdf?sequence=1 . Data do acesso 19/06/2014.

TREVISAN, Dalton. Novelas nada exemplares. Rio de Janeiro: Record, [s.d.].